A paralisação do governo dos Estados Unidos, conhecida como shutdown, completou nesta terça-feira (4), 35 dias de duração, igualando o recorde histórico alcançado durante o primeiro mandato de Donald Trump, entre 2018 e 2019. O impasse político entre a Câmara e o Senado impede a aprovação de um novo orçamento e ameaça transformar o fechamento atual no mais longo da história do país.
Os efeitos da interrupção já se espalham por toda a economia e pela rotina dos americanos. Programas de assistência alimentar foram suspensos pela primeira vez, servidores públicos — incluindo funcionários de aeroportos, forças de segurança e das Forças Armadas — estão sem receber salários, e a divulgação de indicadores oficiais foi interrompida, deixando investidores e analistas sem dados confiáveis sobre o desempenho econômico.
O shutdown dos Estados Unidos já provoca perdas bilionárias. Segundo o Departamento do Tesouro, a economia americana perde cerca de US$ 15 bilhões por dia devido à queda na produtividade, aos atrasos em pagamentos a fornecedores e à redução no consumo interno. Empresas que dependem de contratos federais relatam prejuízos crescentes, enquanto o mercado financeiro demonstra preocupação com uma possível desaceleração no último trimestre do ano.
Shutdown dos Estados UInidos: programas sociais ameaçados
A crise também pressiona programas de assistência social. Uma decisão judicial recente obrigou o governo a liberar US$ 5 bilhões em fundos de contingência para manter o funcionamento do Supplemental Nutrition Assistance Program (SNAP), principal iniciativa de ajuda alimentar do país. Sem essa medida, milhões de famílias de baixa renda ficariam sem acesso a alimentos básicos.
O impasse afeta até mesmo o sistema de Justiça. A juíza federal Susan Illston, de San Francisco, determinou a suspensão de cerca de 4 mil demissões em agências federais, argumentando que a continuidade do shutdown poderia causar danos irreversíveis a programas públicos essenciais. Tribunais federais enfrentam adiamentos de audiências, suspensão de processos e escassez de recursos para manter suas atividades.
Com o Congresso ainda dividido — o Senado já rejeitou mais de 20 tentativas de acordo aprovadas pela Câmara —, não há sinais de solução imediata. A cada novo dia de paralisação, o custo econômico e social aumenta, elevando a pressão sobre parlamentares e o governo para encerrar o shutdown dos Estados Unidos antes que seus efeitos se tornem ainda mais profundos.
No fim de outubro, o shutdown acumulava custos estimados em cerca de US$ 18 bilhões, segundo levantamento do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês).
Leia também:
- Dick Cheney: morre o ex-vice-presidente americano, aos 84 anos
- PMI Industrial dos EUA sobe em outubro
- Shutdown nos EUA já causa prejuízo de US$ 18 bilhões e afeta mais de 1 milhão de servidores
- Decisão do Fed: juros dos EUA caem 25 pontos-base, para 3,75% e 4%
- Senado dos EUA aprova resolução para anular tarifas de Trump sobre o Brasil





