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Dólar e proteção de patrimônio: por que investir no exterior ajuda a blindar seus ativos

Dólar e proteção de patrimônio: por que investir no exterior ajuda a blindar seus ativos

Em tempos de incerteza fiscal, política e cambial, o dólar e a proteção de patrimônio caminham lado a lado. A moeda norte-americana segue sendo o principal instrumento de preservação patrimonial, sustentada por instituições sólidas e liquidez global.

Para Tiago Hansen, economista e diretor da Alpha Wave Capital, essa característica é o que faz do dólar uma peça essencial de defesa em qualquer portfólio.

“A dolarização do patrimônio é uma das formas mais eficientes de reduzir a exposição ao risco sistêmico brasileiro. Em um país onde o ambiente político, fiscal e cambial é historicamente instável, ter parte do portfólio em dólar funciona como uma camada de proteção natural”, adverte Hansen.

O economista acrescenta que, nos momentos de maior estresse interno — como crises fiscais ou instabilidade eleitoral — o dólar tende a se valorizar frente ao real, compensando parte das perdas dos ativos locais.

“Mais do que uma decisão tática, trata-se de uma estratégia estrutural de diversificação geográfica e cambial, que deve ser pensada com visão de longo prazo”, reforça o diretor da Alpha Wave Capital.

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A leitura é compartilhada por Tomás Roque, analista de alocação e inteligência da Avenue.

“De 16% a 18% do nosso consumo é dolarizado. Se temos essa exposição no nosso consumo, que chamamos de passivo, faz sentido ter algo parecido com os investimentos, que chamamos de ativo”, comenta Roque.

Segundo ele, o câmbio não deve ser visto apenas como aposta de valorização da moeda, mas como instrumento de equilíbrio patrimonial, conceito central da estratégia de dólar e proteção de patrimônio.

Por que dolarizar parte do portfólio

A dolarização de parte da carteira é uma das principais estratégias de dólar e proteção de patrimônio.

“Proteger o patrimônio significa garantir que ele continue tendo valor real, independentemente do país em que você esteja”, explica Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad.

Segundo ela, o primeiro passo é entender o objetivo da proteção — seja garantir liquidez em momentos de volatilidade, preservar herança familiar ou diversificar ganhos.

“A proteção passa por segurança financeira e liquidez. É importante evitar que o patrimônio fique imobilizado em momentos de necessidade ou que os herdeiros enfrentem dificuldades para acessá-lo”, acrescenta Zogbi.

Hansen reforça que a dolarização também quebra a correlação entre ativos brasileiros, já que boa parte dos investimentos locais tende a reagir de forma semelhante em períodos de crise.

“A correlação entre as classes de ativos no Brasil é muito alta. Em momentos adversos, tudo se move na mesma direção. A dolarização diminui consideravelmente esse efeito”, observa o economista.

Roque complementa que manter todo o patrimônio em reais representa um risco de concentração.

“O real é uma moeda jovem, de apenas 31 anos. O dólar tem mais de 230 anos, atravessando guerras, recessões e crises. Essa solidez é o que o torna a base de um portfólio global equilibrado”, completa o analista da Avenue.

Formas de investir em dólar e proteger o patrimônio

Há uma variedade crescente de instrumentos que permitem exposição ao dólar e proteção de patrimônio sem a necessidade de abrir conta fora do país. A decisão depende do perfil e da familiaridade do investidor com o mercado global.

Entre as opções mais populares estão:

  • ETFs e BDRs, como IVVB11 (S&P 500), GOLD11 (ouro) e URTH (MSCI World), além dos BDRs das “Sete Magníficas” — Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34), Amazon (AMZO34), Nvidia (NVDC34), Alphabet (GOGL34), Meta ($M1TA34) e Tesla (TSLA34);
  • Fundos cambiais e multimercados globais, ideais para quem deseja ter parte da carteira dolarizada com gestão profissional;
  • Fundos de previdência com alocação internacional, voltados a estratégias de longo prazo e sucessão patrimonial.

Para perfis mais sofisticados, a abertura de contas internacionais é o próximo passo natural. Plataformas como BTG Internacional, Avenue e Nomad oferecem acesso direto a ações globais, títulos públicos americanos (Treasuries) e fundos internacionais, com custos competitivos e interface totalmente digital.

“A exposição a ativos dolarizados não implica necessariamente em montar estruturas complexas. Basta uma conta global para diversificar investimentos e buscar proteção patrimonial”, explica Zogbi.

Roque reforça que a questão sucessória também pode ser tratada de forma simples, sem a necessidade de estruturas complexas.

“Contas com formulário TOD ou no formato JTWROS evitam o inventário nos EUA e contornam o estate tax. São alternativas práticas e acessíveis para quem busca eficiência sucessória”, explica o analista da Avenue.

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Dólar e a proteção de patrimônio: como estruturar um portfólio internacional

Para quem deseja dar um passo além na estratégia de dólar e proteção de patrimônio, Caio Tuca, head da EQI Internacional, destaca que investir globalmente deixou de ser uma opção para se consolidar como uma estratégia essencial de construção patrimonial.

“Concentrar todo o patrimônio no país significa abrir mão de retornos mais consistentes e da proteção em moedas fortes. Nos tornamos consumidores globais, mas seguimos como investidores locais”, afirma Tuca.

A diversificação internacional protege contra riscos internos e abre portas para megatrends como inteligência artificial, biotecnologia e energia limpa — setores ausentes ou sub-representados na Bolsa brasileira.

Quanto investir no exterior

“O dólar deve ser visto como uma proteção estrutural, não como aposta especulativa. Ele é um hedge natural contra crises domésticas”, ressalta o head da EQI Internacional, que recomenda dolarizar entre 15% e 20% do patrimônio, podendo chegar a 30% ou 40% em casos de maior exposição a risco doméstico.

Como montar a carteira internacional

Um portfólio global equilibrado deve combinar:

  • 40% em renda fixa global, com destaque para Treasuries e bonds corporativos de alta qualidade;
  • 45% em ações globais, via ETFs amplos como S&P 500, Nasdaq 100 e MSCI World;
  • 15% em REITs, fundos imobiliários globais com dividendos em dólar.

Fundos alternativos — como Private Credit, infraestrutura e Real Estate internacional — complementam a diversificação e oferecem retorno adicional, especialmente para investidores qualificados.

Alocação por perfil

“Mesmo perfis arrojados buscam proteção cambial e diversificação geográfica. O foco deve estar em liquidez, qualidade de crédito e gestão ativa”, comenta Tuca.

Na EQI Internacional, ele explica que investidores conservadores costumam manter 60% em renda fixa de alta qualidade e o restante em ativos de diversificação, enquanto os arrojados distribuem 50% a 60% em equities globais, 20% em alternativos e private equity e 20% a 30% em renda fixa global.

A EQI Internacional já soma mais de R$ 3 bilhões sob assessoria em investimentos fora do país, atendendo cerca de 4 mil clientes.

“A internacionalização deixou de ser um luxo. É uma necessidade de preservação e crescimento patrimonial”, conclui o executivo.

Dolarização e planejamento patrimonial

Para famílias de alta renda, a estratégia de dólar e proteção de patrimônio é também uma forma de planejamento sucessório e tributário internacional.

“A estruturação internacional pode combinar instrumentos financeiros e veículos jurídicos para equilibrar rentabilidade, proteção e sucessão. Holdings, trusts e seguros de vida no exterior são amplamente utilizados para isso”, explica Hansen.

Roque reforça que a decisão depende do tamanho e da complexidade do patrimônio.

“A partir de US$ 400 mil, já faz sentido considerar uma offshore, que traz blindagem patrimonial e mecanismos de sucessão. A conta internacional é operacional; a offshore é estratégica”, avalia o analista da Avenue.

Zogbi destaca que a blindagem patrimonial não deve resultar em rigidez excessiva.

“Investir em ativos financeiros não significa engessar o patrimônio. Diversificação e liquidez ajudam a garantir acesso em momentos de necessidade e facilitam a sucessão”, pontua a estrategista da Nomad.

Perspectivas para o dólar e proteção de patrimônio

O consenso entre os especialistas é que dólar e proteção de patrimônio não se resumem a ganhos cambiais, mas à preservação do que já foi conquistado.

“Proteção demais pode significar estagnação, e exposição demais, risco desnecessário. O segredo está em diversificar com propósito”, resume Hansen.

Roque defende a estratégia de câmbio médio — aportes graduais para diluir a volatilidade.

“Fazer previsão de dólar é uma das tarefas mais difíceis do mercado. Por isso, o melhor caminho é aportar de forma sistemática, sem emoção, mês a mês”, orienta o analista da Avenue.

A recomendação final é unânime: investir em dólar e proteger o patrimônio é mais do que uma medida de defesa — é uma forma de garantir crescimento sustentável e segurança financeira no longo prazo.