O Ibovespa renovou a máxima na manhã desta quarta-feira (29), ao atingir 148.614,38 pontos, mantendo o forte fluxo comprador no mercado acionário brasileiro. A alta reforça o otimismo recente, mas também levanta a pergunta: por que a Bolsa está subindo com tanta força?
Segundo o analista da EQI Research, João Zanotti, a resposta passa mais pelo cenário global do que por fatores internos.
“Quando a gente olha desde o começo do ano, a Bolsa brasileira se valorizou bastante, de maneira expressiva. E quando o investidor observa isso, pode pensar que houve algum movimento micro no Brasil — talvez político — que tenha animado o mercado de ações. Mas, quando analisamos o tema mais a fundo, vemos que há motivos maiores, que talvez não sejam mérito do Brasil, e sim resultado de um movimento global”, explica Zanotti.
Fluxo global ajuda a explicar por que a Bolsa está subindo
De acordo com o analista, os Estados Unidos concentraram por muito tempo a maior parte dos investimentos mundiais, mas isso começou a mudar em 2025. Com a busca por diversificação, investidores americanos e internacionais passaram a destinar parte do capital para mercados emergentes, como o brasileiro.
Zanotti cita como exemplo o ETF EEM, que reúne diversas bolsas emergentes.
“À medida que o investidor aumenta a exposição a esse ETF, ele também amplia, indiretamente, a exposição ao mercado brasileiro. Podemos dizer que é um fluxo estrangeiro passivo, via ETFs, que está entrando no mercado nacional”, diz.
Esse movimento ajuda a explicar por que a Bolsa está subindo mesmo sem grandes novidades no cenário doméstico.
Ibovespa reflete movimento internacional
O analista observa que o comportamento do Ibovespa tem sido semelhante ao de outras bolsas emergentes, como a mexicana, o que reforça a tese de que a valorização não é um fenômeno isolado.
“Se compararmos o Ibovespa com o índice do México, veremos que a valorização e a performance das duas bolsas foram muito parecidas. Ou seja, não se trata de um motivo específico do Brasil — até porque o México não está passando pelo mesmo momento — o que reforça a ideia de que é um movimento global”, afirma.
Esse fluxo internacional, segundo ele, vem sustentando o desempenho positivo da Bolsa, mesmo em meio à desaceleração econômica e à cautela com o cenário político doméstico.
Diversificação do dólar e fundamentos locais
Zanotti avalia que o Brasil tem fundamentos sólidos para atrair parte desse capital, mas destaca que a alta atual não é motivada por fatores locais, como juros ou eleições.
“A Bolsa brasileira tem fundamento, sim, dentro de um movimento global de diversificação do dólar e do mercado americano. Mas não é algo motivado por fatores locais, como eleição ou queda de juros aqui. Claro que esses temas podem influenciar os preços, mas acreditamos que, no futuro, a discussão será mais ampla”, analisa.
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Brasil se beneficia do novo ciclo global
Na visão da EQI Research, o Brasil é um dos beneficiários naturais desse novo ciclo de diversificação global, que tende a continuar à medida que os investidores buscam alternativas ao mercado americano.
“O que vemos é um movimento global, com o investidor internacional direcionando um pouco mais de seus recursos para mercados emergentes — e o Brasil se beneficiando disso”, conclui Zanotti.
Veja a análise completa de Zanotti clicando aqui.





