Em um cenário marcado por incertezas econômicas globais, compreender com o guia como investir em ouro torna-se fundamental para quem busca equilibrar a carteira de investimentos e preservar patrimônio.
O ouro atravessa milênios como um dos ativos mais valorizados pela humanidade. Mais do que um simples metal precioso usado na fabricação de joias, ele se consolidou como um dos principais instrumentos financeiros para proteção patrimonial e diversificação de investimentos.
A seguir no “Guia como investir em ouro” saiba as diferentes formas de investir no metal, entenda os fatores que influenciam sua cotação e descubra como utilizá-lo estrategicamente em seu portfólio.
Por que o ouro é tão valorizado como investimento?
O ouro mantém sua relevância no sistema financeiro global por características que nenhum outro ativo consegue replicar completamente. Diferente de ações de empresas ou títulos de renda fixa, o ouro não depende do desempenho de uma economia específica ou da solidez de uma instituição financeira.
“O ouro é classificado como alternativo porque ele não é exatamente uma renda fixa, com prazo definido, pode-se resgatar a qualquer momento porque ele é um ativo bastante líquido, mas que em situações de uma carteira não fica exatamente nem na renda fixa, nem na renda variável, nem nos fundos”, explica Elias Wiggers, sócio da EQI Investimentos e assessor de gestão patrimonial.
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O ouro como reserva de valor
Historicamente, todo o ouro já minerado na humanidade caberia em aproximadamente quatro piscinas olímpicas, demonstrando sua verdadeira escassez física. Esta raridade natural, combinada com propriedades únicas do metal, sustenta seu valor ao longo do tempo.
O ouro manteve a importância ao longo dos séculos por ser uma forma de transmitir e preservar riqueza de uma geração para a outra. Desde tempos ancestrais, diferentes culturas valorizam as propriedades únicas deste metal. O ouro não corrói, é fácil de trabalhar e tem uma cor única que o diferencia de outros metais.
“Não tem lastro em uma economia ou empresa, mas sim na sua própria disponibilidade e demanda global”, observa Elias Wiggers. Esta característica é especialmente valorizada por investidores que precisam preservar patrimônio ao longo de gerações.
Foto: Freepik
Aplicações práticas do ouro
O valor do ouro vai além da estética e do simbolismo. Este ativo continua a ser procurado pela economia real, em áreas como tecnologia, automóvel e telecomunicações. É “um metal com baixa propensão à oxidação, excelente condutor elétrico” com várias aplicações industriais e tecnológicas, segundo Wiggers.
O ouro é utilizado na fabricação de testes rápidos de diagnósticos, medicamentos, placas de energia solar, telescópios, eletrônicos e, naturalmente, joias. Essa demanda industrial consistente adiciona uma camada extra de sustentação ao valor do metal precioso.
O papel do ouro em portfólios modernos
O ouro tem assumido um papel cada vez mais estratégico em carteiras de investimento no cenário atual de incertezas econômicas globais. O metal precioso encontra hoje um novo espaço nas carteiras dos investidores mais sofisticados, sendo visto não apenas como proteção patrimonial contra crises, mas como componente essencial de uma diversificação inteligente.
Classificação como ativo alternativo
O guia como investir em ouro mostra que o metal pode ser classificado simultaneamente como ativo de segurança e ativo alternativo em portfólios de investimento. Esta dupla natureza o torna especialmente atraente para investidores que buscam proteção patrimonial. Além disso, o metal se destaca por não ter lastro em uma economia específica, diferente das moedas ou ações de empresas.
O ouro tende a manter seu valor mesmo em cenários adversos, funcionando como hedge natural das carteiras de investidores em geral. Neste contexto, ouro pode servir tanto como ativo de segurança quanto como diversificador alternativo, oferecendo características únicas que não se encontram em outras aplicações tradicionais.
Hedge x rentabilidade
Aproximadamente “90 e tantos por cento das aplicações que são feitas no ouro fazem como hedge, não fazem para ganho de capital”, segundo Wiggers. Esta é a realidade do mercado, onde o metal é visto prioritariamente como proteção, não como especulação.
O investidor que enxerga o ouro em portfólios vê “como uma preservação de valor, então sim um ativo de proteção patrimonial. Sem dúvida, num patamar, eu diria até que acima do dólar, das criptomoedas, da renda fixa”.
O ouro é ouro, por mais que sejam contratos lastreados no metal.
Os investidores sabem que “o lastro efetivo está lá, é um metal precioso, é a reserva de ouro que está lá no Banco Central, que alguém tem, ninguém inventa ouro, você tem que minerar”, afirma o especialista. Esta característica tangível diferencia o ouro de outros ativos digitais ou financeiros, proporcionando uma sensação de segurança adicional para investidores que buscam diversificação real.
Compreender o que movimenta a cotação do ativo com o guia de como investir em ouro é fundamental para tomar decisões informadas sobre quando e quanto investir no metal precioso. Diversos fatores macroeconômicos e geopolíticos influenciam diretamente o preço do ouro nos mercados internacionais.
A relação inversa com o dólar
Historicamente, existe uma correlação inversa entre o valor do ouro e o dólar. Isso significa que, quando o dólar valoriza, o ouro tende a desvalorizar, e vice-versa. Essa dinâmica acontece porque o ouro é cotado em dólares, logo, uma moeda americana mais forte torna o ouro mais caro para investidores internacionais, reduzindo a sua procura.
“O real global é o dólar, desde a década de 70, historicamente esse tem sido o hedge global”, explica Wiggers. Quando a economia norte-americana entra em modo de incerteza ou instabilidade, “você adiciona uma incerteza onde antes costumava não haver”. Nestes momentos, bancos centrais podem estar se desfazendo do dólar e migrando para ouro.
Taxas de juros e custo de oportunidade
As taxas de juros são outro fator-chave que influencia o preço do ouro. Quando as taxas de juros sobem, os ativos que geram rendimentos tornam-se mais atrativos, reduzindo o apelo do ouro, que não gera qualquer tipo de rendimento. Por outro lado, quando as taxas de juros estão baixas, o custo de oportunidade de deter ouro diminui, tornando este metal uma opção mais interessante.
Quando as taxas de juros reais dos títulos do Tesouro americano estão altas, isso representa forte desincentivo para manter o ouro. No entanto, se há incerteza sobre a economia americana ou sobre o papel do dólar, o ouro passa a ser refúgio ainda mais seguro.
“Quando as taxas de juros reais são negativas, o ouro se torna mais atraente porque os investidores não abrem mão de uma renda significativa ao mantê-lo”, afirma Elias Wiggers. Em ambiente de juros baixos ou negativos em termos reais, o custo de oportunidade de manter ouro diminui significativamente.
Inflação e poder de compra
Durante períodos de recessão econômica ou de elevada inflação, o ouro é muitas vezes visto como um porto seguro. Isto deve-se à sua capacidade de preservar valor num cenário em que outros ativos, como ações ou imóveis, podem enfrentar dificuldades.
O ouro tem demonstrado capacidade de manter poder de compra ao longo de décadas. Enquanto um dólar de 1970 compraria muito menos hoje, o mesmo valor em ouro ainda manteria grande parte de seu poder aquisitivo real.
Contexto geopolítico e incertezas
As circunstâncias geopolíticas desempenham papel crucial na valorização do ouro. Tensões no Oriente Médio, guerra na Ucrânia, polarização política global e endividamento recorde dos Estados Unidos têm fortalecido recentemente o metal como alternativa contra incertezas macroeconômicas.
Em 2025, a onça-troy chegou a ultrapassar US$ 4 mil, acumulando valorização recorde.
Oferta limitada e demanda crescente
Há vários anos que a indústria de extração do ouro enfrenta dificuldades crescentes na produção, uma vez que os depósitos de ouro se tornam mais difíceis de localizar. A descoberta de novos jazigos de ouro exige investimentos elevados e um processo de exploração prolongado e apenas 10% das descobertas globais resultam em minas viáveis.
Para complicar ainda mais, a obtenção de licenças de operação, a necessidade de infraestrutura em áreas remotas e o aumento dos custos operacionais representam obstáculos adicionais. Este cenário de oferta reduzida impulsiona os preços e, por sua vez, esta subida torna mais viável a exploração e extração deste metal.
Guia das principais formas de como investir em ouro
Existem diversas modalidades que serão apresentadas nesta guia de como investir em ouro, cada uma com características específicas que atendem a diferentes perfis de investidores e objetivos financeiros. Conhecer essas alternativas é essencial para escolher a mais adequada à sua estratégia.
Ouro físico: barras e moedas
A forma mais tradicional de investir em ouro é através da aquisição de barras de ouro ou moedas. No Brasil, a compra deve ser feita exclusivamente em estabelecimentos autorizados pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para garantir autenticidade e procedência.
As barras de ouro com qualidade de investimento devem ter pelo menos 99,5% de ouro puro. No caso das moedas, é preciso verificar o teor de ouro em quilates. Uma peça composta por ouro dito “puro” (99,9%) conta com 24 quilates, enquanto uma peça de 18 quilates corresponde a 75% do metal amarelo.
No entanto, essa modalidade apresenta desafios importantes. “Não é muito simples você guardar ouro físico, você precisa eventualmente ter um cofre dentro de casa ou alugar, também tem um custo, para você alugar cofre numa instituição financeira”, pontua Elias Wiggers.
Além dos custos de armazenamento e segurança, o ouro físico apresenta menor liquidez e necessidade de autenticação para revenda, além do risco de roubo. Manter algumas barras de ouro embaixo da cama não parece a decisão mais segura, mas alguns investidores preferem manter “aquele lastro de joias de família, que não inclui só ouro, evidentemente, diamante, entre outros”, que fazem parte da reserva de metais preciosos e pedras preciosas.
ETFs de ouro: praticidade e liquidez
Os ETFs (Exchange Traded Funds) de ouro são fundos de investimento negociados em bolsa que replicam o desempenho do ouro no mercado internacional. No Brasil, o principal ETF de ouro é o GOLD11, que pode ser comprado como qualquer ação na B3.
Quando você está aplicando num ETF de ouro ou num fundo, “você faz isso através da plataforma da sua corretora”. Pela facilidade operacional, esta é “a opção de 99% dos investidores”, segundo Elias Wiggers.
Maior liquidez: possibilidade de vender rapidamente o ativo;
Facilidade de negociação: compra e venda através de plataformas digitais;
Custódia profissional: o ouro fica armazenado com segurança;
Segurança operacional: contratos digitalizados e descentralizados.
As vantagens dos contratos digitalizados e descentralizados de ouro através das plataformas de corretora representam “um ativo extremamente seguro”, sem diferença significativa de qualquer outro ativo do mercado financeiro.
Além dos ETFs nacionais, é possível investir em ETFs internacionais, como o GLD e o IAU nos Estados Unidos, para quem já tem estrutura internacional ou busca diversificação global.
Fundos de investimento em ouro
Os fundos de investimento são outra alternativa prática para quem deseja exposição ao ouro. Esses fundos aplicam recursos em ativos lastreados no metal precioso ou em instrumentos que acompanham sua cotação.
Uma grande vantagem dos fundos é a gestão profissional. Os gestores ficam atentos às movimentações do mercado, compram e vendem ativos, analisam novas oportunidades e fazem ajustes sempre que necessário. Existe uma diversificação em ouro, mas também pode haver exposição a outras commodities, como prata, soja e milho.
“Quem busca a proteção do ouro faz isso através de ativos diretamente correlacionados”, explica Wiggers. Os investidores geralmente preferem fundos específicos de ouro em vez de multimercados que apenas incluem o metal na estratégia. “Nunca vi um cliente que me pedisse um fundo multimercado que vai ter ouro na estratégia”, exemplifica Elias.
É possível investir em fundos de ouro com aportes relativamente baixos, aumentando a acessibilidade a mais investidores. Muitos fundos permitem aplicação inicial a partir de R$ 100.
Contratos futuros de ouro
Para investidores mais experientes, os contratos futuros representam uma forma sofisticada de exposição ao ouro. O OZ1D é o contrato futuro de ouro negociado na B3, onde cada contrato equivale a 250 gramas de ouro fino.
Existe também o OZ2D, um minicontrato equivalente a 10 gramas de ouro fino, criado para investidores menores. A diferença entre eles é o tamanho do lote e, portanto, o valor financeiro necessário para investir.
Os contratos futuros permitem tanto proteção (hedge) quanto especulação sobre o preço futuro do ouro, mas exigem conhecimento técnico e acompanhamento constante do mercado.
Ações de empresas mineradoras
Investir em ações de empresas que operam na extração e produção de ouro é uma forma indireta de exposição ao metal precioso. Essas empresas podem oferecer rendimentos através de dividendos, especialmente se forem bem geridas e tiverem uma política de distribuição de lucros.
No entanto, este tipo de investimento não está isento de riscos: além das flutuações do preço do ouro, a rentabilidade pode ser afetada por fatores específicos da empresa, como a sua gestão, eficiência operacional e as condições das minas onde opera. Investir em ações de empresas mineiras exige, portanto, uma análise cuidadosa das empresas em questão.
Quanto investir em ouro?
Uma das dúvidas mais comuns entre investidores ao procurar o Guia de como investir em ouro é quanto do patrimônio deve ser alocado no metal. Diferentemente de outras classes de ativos, não existe uma recomendação específica de alocação universal em ouro.
Não existe fórmula única
“Objetivamente, não existe uma recomendação específica, depende realmente do perfil do investidor”, explica Wiggers. “Dado que ele é um ativo alternativo, ele já entra numa classe diferente, tem uma visão muito mais focada na defesa do patrimônio, às vezes como hedge mesmo”.
A decisão depende do perfil do investidor – conservador, moderado ou arrojado – mas também do momento econômico. Alguns investidores mantêm exposição de 5% ao ouro de forma constante, enquanto outros podem aumentar essa exposição em momentos de maior incerteza no sistema financeiro global.
Adequação para diversos perfis
“O ouro é um ativo que serve de hedge, tem essas características de proteção, de patrimônio no longo prazo, ele sim é adequado para praticamente qualquer cliente, seja aqueles com muito patrimônio ou pouco”, afirma Wiggers.
O ouro faz sentido dentro de um portfólio “às vezes em uma exposição muito pequena só para realmente hedge, em alguns casos até para tentar capturar um pouco de movimento em cenários de mais incerteza”.
Estratégias inteligentes para investir em ouro
Neste guia você vai poder observar como investir em ouro requer estratégia e planejamento para maximizar seus benefícios como instrumento de proteção patrimonial. Conhecer as melhores práticas pode fazer diferença significativa nos resultados ao longo do tempo.
Visão de longo prazo
O ouro deve ser visto como investimento estratégico de longo prazo, não como “trade” especulativo. A abordagem tática, observando movimentos de curto prazo, pode ser perigosa pois “o investidor decide aplicar olhando pelo retrovisor”, segundo Wiggers.
“No longo prazo, a tendência é que a rentabilidade seja perto de zero. Não é um ativo que vai se valorizar no tempo e por isso não faz sentido você ter 100% do seu patrimônio em ouro. Ele não vai gerar um fluxo de caixa para remunerar os seus investimentos. Então ele é muito mais fator de proteção nos momentos de crise”, explica.
Aquisição gradual
Uma estratégia eficaz é a compra sucessiva ao longo do tempo, utilizando abordagem de aquisição faseada. “Ao investir um montante fixo em ouro em intervalos regulares consegue ir ajustando o preço médio de aquisição”, diz o especialista.
Essa técnica, conhecida como “dollar-cost averaging”, reduz o impacto da volatilidade e evita o risco de concentrar toda a compra em um momento desfavorável do mercado. Investir mensalmente ou trimestralmente permite diluir o preço de entrada e aproveitar diferentes momentos do mercado.
Diversificação inteligente combinada
Para os investidores, a recomendação é integrar o ouro como parte de estratégia equilibrada, combinando-o com ativos internacionais, renda fixa doméstica, ativos alternativos e proteção cambial.
“O mecanismo de proteção ideal para um investidor brasileiro é conjugado. Nós trabalhamos com a combinação de ouro, títulos americanos e dólar. Uma exposição total entre 10% e 20% em ativos de proteção faz sentido”, afirma Wiggers.
O ouro não deve ser visto como substituto de outras classes de ativos, mas como complemento que aumenta a resiliência geral do portfólio. “Seu valor não está em substituir outros ativos, mas em aumentar a resiliência geral”, explica.
Posição tática versus estrutural
Embora muitos investidores associem ouro a uma reserva permanente, é importante entender que a posição deve ser tática, não estrutural. “Normalmente o que motiva a alocação em ouro é a proteção da carteira em momentos específicos. É uma posição tática, de resposta a risco e incerteza”, explica Wiggers.
O movimento é “cíclico, não é passageiro”. O ouro “vem, daqui a pouco ele vem de novo, em um momento de maior incerteza” por questões estruturais do sistema financeiro global.
Compreender o comportamento típico do investidor brasileiro em relação ao ouro ajuda a tomar decisões mais racionais e evitar erros comuns motivados por emoções.
Resistência à volatilidade
A volatilidade do ouro nem sempre é bem aceita pelo investidor brasileiro. “O investidor está acostumado a ver aquela rentabilidade crescente dia a dia, idêntica da poupança”, com marcação na curva de juros.
Esta resistência cultural pode limitar a adoção do ouro, mesmo quando ele oferece proteção necessária.
“O investidor brasileiro, na raiz, ainda é avesso à volatilidade. Cerca de 70% dos investidores no país não gostam de ativos que oscilam. Na alta renda isso melhorou, mas mesmo assim pelo menos 50% ainda são conservadores”, alerta o especialista.
A importância da educação financeira
É importante que investidores compreendam que o ouro, como qualquer ativo de mercado, apresentará oscilações. No entanto, seu papel não é proporcionar rentabilidade consistente, mas sim servir como hedge em momentos de turbulência.
Essa aversão aparece sempre que há queda momentânea no ouro. “Quando o ouro começa a cair, o cliente pergunta: ‘por que não vendemos?’. Só que o ouro é parte de uma estratégia. Ele faz sentido justamente quando outras coisas não fazem. Não é para entregar retorno, é para entregar proteção”, explica Wiggers.
Perfil do investidor e o ouro
O público atualmente tem focado muito em proteção contra perdas patrimoniais, evitando grande exposição a riscos. Naturalmente, o leque começa a se abrir mais para renda fixa, dado que no Brasil temos bons rendimentos ainda, com juros altos.
Muitos investidores também têm optado por dolarizar o patrimônio, investindo mais no exterior por questões de otimização tributária e sucessória. Eventualmente, buscando um pouco mais de rentabilidade no longo prazo, alguns estão se disponibilizando a colocar recursos em ativos alternativos – classe de ativos com liquidez restrita.
Neste contexto, ouro pode servir tanto como ativo de segurança quanto como diversificador alternativo, oferecendo características únicas que não se encontram em outras aplicações tradicionais.
Ouro versus outras proteções
Para entender completamente o papel do ouro, é útil compará-lo com outras formas de proteção patrimonial disponíveis no mercado.
Ouro x dólar
Outra dúvida comum entre investidores é: se eu comprar ouro, ainda preciso ter dólar? A resposta é sim. Segundo Wiggers, esses ativos não competem entre si – eles se complementam como proteção.
Na prática, é recomendável dividir a blindagem em três frentes: ouro para proteção contra eventos extremos e desvalorização monetária, dólar para redução do risco Brasil e hedge cambial, e Treasuries para segurança e previsibilidade em crises globais.
Ouro x títulos do Tesouro americano
O ouro raramente “deixa de ser competitivo em relação a outros ativos defensivos” devido às suas características peculiares. “Ele pode ser menos ou mais adequado a uma determinada situação específica, mas deixar de ser competitivo ou de novo ser substituído depende muito” da filosofia de investimento de cada cliente, segundo Wiggers.
Se há incerteza sobre a economia americana ou sobre o papel do dólar, o ouro passa a ser refúgio ainda mais seguro.
Ouro x criptomoedas
O público “new money” – empreendedores de startups, pessoas mais novas e tecnológicas – não identifica tanto o ouro como insubstituível: “Às vezes até a criptomoeda, o bitcoin pode ser visto como alternativa similar”, observa Elias Wiggers.
Esta característica tangível diferencia fundamentalmente o ouro de outros ativos digitais ou financeiros, proporcionando uma sensação de segurança adicional para investidores que buscam diversificação real com lastro físico comprovado.
Tributação do ouro
Compreender a tributação dos investimentos em ouro é fundamental para calcular a rentabilidade líquida e fazer escolhas mais informadas. As regras variam conforme o tipo de investimento escolhido.
ETF de ouro (como GOLD11)
Os ETFs de ouro seguem a regra de fundos de investimento, com alíquota regressiva de Imposto de Renda que varia de 22,5% a 15%, dependendo do prazo de aplicação:
Até 180 dias: 22,5%
De 181 a 360 dias: 20%
De 361 a 720 dias: 17,5%
Acima de 720 dias: 15%
A tributação ocorre no momento do resgate ou venda das cotas, sendo o imposto retido diretamente na fonte.
Contratos futuros (OZ1D, OZ2D)
Os contratos futuros de ouro seguem a regra de renda variável, com alíquota de 15% sobre o lucro obtido nas operações. Não há isenção para vendas abaixo de determinado valor, diferentemente do que ocorre com ações.
O investidor deve apurar os ganhos mensalmente e recolher o imposto através de DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) até o último dia útil do mês seguinte ao da operação.
Compra física (barras ou certificados)
No caso do ouro físico, o ganho de capital acima de R$ 35 mil no mês é tributado em 15%. Vendas mensais de até R$ 35 mil estão isentas de Imposto de Renda.
Além disso, quando o ouro físico funciona como investimento ou instrumento cambial, ele adquire a natureza de ativo financeiro. Nesse contexto, incidirá IOF de 1% sobre o valor da operação, sendo que quem paga é o primeiro comprador. O IOF incide uma única vez, na compra inicial do ouro.
Fundos de investimento em ouro
Os fundos que investem em ouro também seguem a tributação regressiva, similar aos ETFs, com alíquotas variando de 22,5% a 15% conforme o prazo de permanência no fundo.
É importante considerar esses custos tributários no planejamento do investimento, pois eles impactam diretamente a rentabilidade líquida obtida com o ouro.
Perguntas frequentes sobre investir em ouro
Aplicar em ouro vale a pena?
Ouro é visto como um “porto seguro” em momentos de crise, porque tende a preservar valor quando há inflação alta, instabilidade cambial ou risco geopolítico. Mas não gera renda como ações ou títulos – o retorno vem da valorização da cotação. Para quem busca proteção e diversificação, faz sentido ter uma parcela da carteira em ouro, mas não como investimento único. O metal funciona melhor como proteção contra eventos extremos e como forma de equilibrar a carteira em momentos de turbulência nos mercados.
Qual a valorização do ouro em 2025?
Em 2025, o ouro segue valorizado no cenário internacional, impulsionado por incertezas globais e juros mais baixos nos EUA. Até setembro, a cotação acumula ganhos próximos a 10% em dólares no ano, segundo dados do mercado internacional. No Brasil, a alta é ainda maior quando somada à valorização do dólar frente ao real. Como foi citado no “Guia como investir em ouro”, o metal chegou a ultrapassar a marca histórica de US$ 4 mil por onça-troy, dando sequência à forte valorização dos últimos anos em meio a um cenário caracterizado por elevadas incertezas, principalmente no que diz respeito à economia americana.
Qual o ETF de ouro na B3?
Na Bolsa brasileira, o principal ETF de ouro é o GOLD11. Ele replica a variação do preço do ouro no mercado internacional e pode ser comprado como qualquer ação através de uma corretora de valores. Existem também outras opções de ETFs de ouro disponíveis, como GLDX11 e AURO11, cada um com suas características específicas, mas todos voltados a acompanhar o desempenho do metal precioso.
O que é o OZ1D?
O OZ1D é o contrato futuro de ouro negociado na B3. Cada contrato equivale a 250 gramas de ouro fino. Ele serve para investidores que querem se expor à commodity de forma mais direta e em maior volume. Esse tipo de contrato é mais indicado para investidores experientes que compreendem o mercado de derivativos e têm capital disponível para as margens de garantia exigidas.
Qual a diferença entre OZ1D e OZ2D?
A principal diferença está no tamanho dos contratos: – OZ1D: contrato cheio, equivalente a 250 gramas de ouro fino – OZ2D: minicontrato, equivalente a 10 gramas de ouro fino, criado para investidores menores Ou seja, a diferença é o tamanho do lote e, portanto, o valor financeiro necessário para investir. O OZ2D democratiza o acesso aos contratos futuros para investidores com menor capital disponível.
O que é oz de ouro?
“Oz” é abreviação de onça troy, unidade internacional usada para medir ouro. Uma onça troy equivale a 31,1 gramas. É a medida mais comum nas cotações globais do metal precioso. Essa unidade de medida difere da onça avoirdupois comum (28,35 gramas) usada para pesar outros objetos no sistema imperial.