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Operadora do Burger King pede recuperação judicial: mais uma crise para Lemann

Operadora do Burger King pede recuperação judicial: mais uma crise para Lemann

O império bilionário de Jorge Paulo Lemann, um dos empresários mais conhecidos do Brasil, enfrenta mais um capítulo turbulento. A Consolidated Burger Holdings (CBH), uma das maiores operadoras do Burger King nos Estados Unidos, entrou com pedido de recuperação judicial (Chapter 11), após acumular dívidas superiores a US$ 35 milhões e registrar prejuízo de US$ 15 milhões no último ano.

A notícia representa mais um duro golpe para Jorge Paulo Lemann, cuja fortuna e reputação vêm sendo pressionadas por sucessivas crises em empresas ligadas ao seu nome — entre elas, Kraft Heinz e Lojas Americanas.

Jorge Paulo Lemann: Crise do Burger King expõe rachaduras no império da 3G Capital

A CBH é responsável por 57 unidades do Burger King na Flórida e na Geórgia, e justificou o pedido de proteção judicial citando a mudança nos hábitos de consumo — com o aumento da procura por refeições mais saudáveis — além da inflação, que elevou custos de energia, aluguel e insumos.

A operação faz parte da Restaurant Brands International (RBI), controladora do Burger King e da rede canadense Tim Hortons, cujo principal acionista é a 3G Capital, empresa de investimentos fundada por Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

A 3G adquiriu o Burger King em 2010, por cerca de US$ 1 bilhão, transformando o negócio em um dos maiores símbolos do modelo de gestão “enxuto e agressivo” que consagrou Lemann como o “Rei do Hambúrguer”.

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Agora, porém, o trono parece ameaçado.

Jorge Paulo Lemann Burger King: o colapso americano e o sabor amargo da crise

O pedido de recuperação judicial da CBH ocorre em meio a um cenário global desfavorável para a marca. Na Argentina, o operador mexicano Alsea colocou à venda sua operação local do Burger King — com mais de 110 lojas — e anunciou o fechamento de parte delas.

Embora essa negociação não envolva diretamente a 3G Capital, ela reforça a percepção de desgaste do modelo de fast food tradicional, que enfrenta forte concorrência e novos padrões de consumo.

Para Lemann, que construiu sua reputação sobre aquisições bilionárias e gestão de eficiência máxima, o episódio é mais um lembrete de que nem mesmo impérios corporativos são à prova de crise.

Do ketchup ao colapso: a amarga história da Kraft Heinz

O “reino dos hambúrgueres” de Lemann começou a mostrar fissuras bem antes do colapso da CBH. Em 2013, a 3G uniu forças com Warren Buffett para comprar a Heinz, tradicional marca de molhos. Dois anos depois, veio a fusão com a Kraft Foods, dando origem à Kraft Heinz, um gigante global do setor alimentício.

Mas o sucesso durou pouco. Em 2019, a empresa reduziu dividendos, desvalorizou US$ 15 bilhões em suas marcas e foi investigada pela SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) por irregularidades contábeis. As ações despencaram, e a 3G começou a reduzir sua participação até abandonar completamente a operação em 2023.

Caso Americanas e o golpe na imagem do trio de bilionários

No Brasil, o grupo de Lemann sofreu outro abalo com o escândalo das Lojas Americanas. Em janeiro de 2023, inconsistências contábeis de R$ 25 bilhões vieram à tona, abalando o mercado financeiro e atingindo em cheio a reputação do trio Lemann, Sicupira e Telles.

Embora os três não tenham sido citados na denúncia do Ministério Público Federal — que focou em 13 ex-executivos da companhia — o caso marcou o fim de uma era em que Lemann era visto como o empresário infalível do capitalismo brasileiro.

De acordo com a Forbes, a fortuna de Jorge Paulo Lemann caiu de R$ 91,8 bilhões para R$ 88 bilhões, o que o coloca hoje como terceiro homem mais rico do Brasil.

Quem é Jorge Paulo Lemann

Filho de suíços, nascido no Rio de Janeiro em 1939, Jorge Paulo Lemann formou-se em economia em Harvard e iniciou a carreira no mercado financeiro antes de fundar o Banco Garantia, em 1971, ao lado de Marcel Telles e Beto Sicupira.

O trio protagonizou algumas das maiores operações da história corporativa brasileira: Lojas Americanas, Ambev, InBev, 3G Capital e Restaurant Brands International.

Lemann é também fundador da Fundação Lemann, que apoia projetos educacionais no Brasil e parcerias com universidades como Harvard, Yale, Stanford e MIT.